Tendo feito os estudos primários e liceais no Porto, licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa, advogando no Porto entre 1966 e 1983. Ainda como estudante universitário, publica em 1963, aos 21 anos, numa edição de autor de 250 exemplares, um primeiro livro de poesia, Modo mudando, a que se seguirá, em 1965, Semana Inglesa, também no domínio da poesia.
A seguir ao 25 de Abril, envolve-se na vida pública e na política com o PPD – Partido Popular Democrático, fazendo parte da primeira comissão administrativa da Câmara Municipal do Porto em Outubro de 1974, e ocupando os cargos de Secretário de Estado da Segurança Social no IV Governo Provisório (1975) e de Secretário de Estado dos Retornados no VI Governo Provisório (1975).
Em 1978, assume as funções de Director de Programas do Primeiro Canal da RTP (1978), naquele que será o primeiro momento de uma vida também dedicada à programação cultural, sempre a par da sua criação poética e literária, bem como da intervenção pública e política.
Como Administrador da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, entre 1979 e 1989, foi responsável pela intensa actividade editorial da empresa durante esse período, em que se editaram com carácter sistemático as obras completas ou antologias dos maiores nomes da história e da literatura portuguesas, colecções dedicadas aos artistas contemporâneos nacionais, edições da obra de poetas consagrados, primeiras obras e a versão portuguesa da Enciclopédia Einaudi.
Em 1980, participou activamente na reeleição do General Ramalho Eanes para a Presidência da República.
Nos anos 1980 e 1990, envolveu-se profundamente nas questões ligadas à língua, ao livro e à leitura, tendo sido Vice-Presidente da Direcção do PEN Clube Português (1982-1984), Membro do Conselho Geral da Comissão Nacional da UNESCO (1983-1986), Presidente da Assembleia-Geral do PEN Clube Português (1985), Membro do Conselho Geral do Instituto Camões (1992-1995), Presidente da Comissão para o estudo e solução dos problemas do livro e da leitura (Secretaria de Estado da Cultura, 1995) e Membro da Comissão Nacional para a Língua Portuguesa (1987-1990).
Em 1986, liderou o «Movimento Contra o Acordo Ortográfico», que se tornaria uma causa pessoal e nacional pela qual lutou até ao fim dos seus dias.
Em 1987, foi nomeado Representante do Governo Português no Comité Europeu do Conselho da Europa encarregado da preparação da campanha Norte-Sul e coordenador da correspondente manifestação em Lisboa, tendo também presidido à Comissão Executiva das Comemorações do Centenário do Nascimento de Fernando Pessoa (1987).
Foi Comissário-Geral da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses entre 1989 e 1995. No exercício deste cargo desenvolveu intensa actividade internacional, dentro e fora da Europa, com a constante preocupação de pôr em relevo o contributo das várias nacionalidades europeias para os grandes descobrimentos marítimos, tendo sido Comissário-Geral de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha de 1992 e para a exposição internacional «Cristoforo Colombo, il naviglio e il mare» (Génova, 1992), e ainda director da Revista Oceanos.
Em 1994, recebeu o primeiro dos vários prémios literários com que seria galardoado na sua carreira, o Prémio de Poesia do PEN Clube Português, tendo recebido no ano seguinte o Prémio Pessoa. Ainda em 1995, foi feito Membro da Académie Européenne de Poésie (Luxemburgo), por convite de Alain Bosquet.
Enquanto Director do Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian entre 1996 e 1999, desenvolveu um vasto programa de conferências multitemáticas nas bibliotecas regionais do País, promovendo a edição de uma História e Antologia da Literatura Portuguesa de ampla distribuição nacional e tornando acessíveis a todos os públicos textos fundamentais da cultura portuguesa.
Em 1998, recebeu a Medalha de Ouro da cidade de Florença pelas suas traduções da Vita Nuova e da Divina Comédia de Dante, consideradas inultrapassáveis em qualidade, nos fundamentos da concessão daquela distinção. Essa qualidade será, de resto, confirmada dez anos mais tarde com a atribuição do Prémio Nazionale per la Traduzione, do Ministério dos Bens e Actividades Culturais de Itália.
Para além das funções directivas que teve na RTP nos anos 1970, foi membro do seu Conselho de Opinião nos anos 1990 e um colaborador regular da televisão, da rádio e de jornais e revistas, com destaque para a página semanal que manteve no Diário de Notícias durante vinte anos, para o qual escreveu cerca de mil artigos.
Como conferencista, e para além de ter proferido dezenas de conferências em Portugal, foi convidado para países tão diversos como Espanha, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Polónia, Luxemburgo, Estados Unidos e Brasil. O corolário dessa actividade, e de alguma maneira o reconhecimento máximo do seu estatuto de intelectual europeu, deu-se em Fevereiro de 2013 quando, a convite do medievalista francês Michel Zink, Professor do Collège de France, a mais prestigiada instituição universitária francesa, aí realizou duas conferências dedicadas a Luís de Camões e à correspondência trocada entre Saint-John Perse e Calouste Gulbenkian, tornando-se o único português a ter tido essa honra.
No âmbito universitário, regeu um curso de pós-graduação sobre os Descobrimentos Portugueses na Universidade Lusíada (Lisboa, 1996), orientou um seminário sobre o Maneirismo Europeu e o poeta quinhentista Pedro da Costa Perestrelo, na Faculdade de Letras de Lisboa (2006), foi Membro cooptado do Conselho Geral da Universidade de Évora (2013) e recebeu o Doutoramento Honoris Causa da Universidade do Porto em 2014.
Vasco Graça Moura foi deputado ao Parlamento Europeu pelo Partido Social Democrata em duas legislaturas, entre 1999 e 2009, tendo sido autor, entre outros, dos relatório relativos aos programas-quadro da política cultural europeia, Cultura-2000 e Cultura 2007-2013, ao Ano Europeu das Línguas (2000), à inclusão da Cultura na Estratégia de Lisboa (2008) e ao Multilinguismo (2009).
Em 2004, recebeu a Coroa de Ouro do Festival de Struga (Macedónia), um dos mais importantes prémios de poesia do mundo, conferido anteriormente a nomes como W.H. Auden, Pablo Neruda, Seamus Heaney, Joseph Brodsky, Leopold Sedar Senghor ou Thomas Transtõrmer.
Vasco Graça Moura pertenceu ao júri de vários prémios literários, entre eles o Prémio Nacional de Poesia Teixeira de Pascoaes, a que presidiu em 1977, o Prémio D. Dinis da Fundação da Casa de Mateus, a que presidiu de 1981 até ao seu falecimento, ao Júri do Prémio Fernando Namora e do Prémio Agustina Bessa-Luís, a que também presidiu (2008-2014), e integrou ainda o Júri do Prémio Saramago do Círculo de Leitores.
Em Julho de 2008, foi eleito sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.
Foi nomeado Presidente da Fundação Centro Cultural de Belém em Janeiro de 2012, tendo revogado a aplicação do Acordo Ortográfico em toda a sua actividade interna e pública, criado uma programação permanente dedicada ao Fado e desenvolvido uma ampla programação gratuita de Literatura e Humanidades, leccionada pelos maiores especialistas nacionais.
Em 2013, a República Francesa concedeu-lhe a Legião de Honra pelos serviços prestados à cultura daquele país, que se veio assim juntar à Ordem das Artes e das Letras que lhe tinha sido concedida anteriormente naquele país.
Vasco Graça Moura faleceu em 27 de Abril de 2014, tendo recebido em Janeiro desse ano, das mãos do Presidente da República, e na presença da Presidente da Assembleia da República e do Primeiro-Ministro, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, a mais alta distinção que o Estado Português concede a um civil.
A obra literária que nos legou abrange a poesia, a ficção, a tradução, o teatro e o ensaio (em especial, crítica e história literária, artes plásticas e história da arte).