do tempo que passa
Nós que vivemos graves junto da madeira
velha de nossas casas mastigando
alguns talos de couve mal cozida
e pano de lençol com dentes já usados
nós que transcrevemos as manchas e rasgamos
rascunhos muito antigos e alguns novos projectos
recuperando móveis e faianças
e todas as maçãs onde habitámos
nós que temos cimento ferramentas grebes
e um pouco de corelli e um sistema
respiratório e caracteres de imprensa
e um plano geral de arruamentos
e que temos livros e que estamos vivos
podemos construir alguma coisa