Reúne poemas escritos pelo autor entre 1997 e 2000.
“A poética de Graça Moura […] é de todo alheia a esse género de dispositivo modernista em que o eu se descobre sucessivamente um outro. Na verdade não é o sujeito que nela se transfere, em peregrinação por tempos históricos e enquadramentos esteticistas, para descrever o mundo: é o mundo de que estamos cercados que se revela todo ele feito de descrições, fragmentos de narrativas sobrepostas, onde só a literatura pode descortinar ou refazer um sentido. A par do sujeito, são também as coisas que se desdobram e dobram, se diferem e inferem, se explicam e implicam. Como diriam os gregos tudo conspira.
O aparecimento de múltiplas personagens que mutuamente se representam e explicam tem, pois, lugar no interior de um espaço muito mais vasto, onde a analogia assume o papel de autêntico eixo em torno do qual circulam a natureza, a história e toda a experiência literária. […] É neste plano que a intertextualidade adquire um significado que vai muito para além habitualmente os comentadores reparam.”
Diogo Pires Aurélio, 1997