Reúne poemas escritos pelo autor entre 1962 e 1995.
“O que faz todo o interesse da poesia de Vasco Graça Moura é precisamente este jogo complexo e enredado, feito de cedências, recusas, medo, timidez e agressividade, em que o autor deseja atingir a mais serena evidência poética num estilo que poderíamos designar em termos vulgares de “como quem não quer a coisa”. Só que a “coisa” trabalha o texto em todos os seus níveis e incidências. Vasco Graça Moura fará que todos os seus versos se aproximem perigosamente da prosa mais descorada e trivial. Mas estes périplos suicidas tornam-se fascinantes precisamente porque o verso, empurrado contra o muro da prosa mais pedestre, acaba por ressaltar numa diferença irredutível em que tudo se resgata no último instante, e por um cabelo – o fio dourado de uma puríssima poesia.”
Eduardo Prado Coelho, 1994