Sofonisba, a nobre cartaginesa; Sofonisba, a pintora renascentista; Sofonisba, a historiadora de arte. “Sofonisba. Um nome assim é uma predisposição romanesca”, dirá o narrador desta história, o biógrafo de Pedro de Andrade Caminha, que se vê envolvido no caso do desaparecimento de um quadro do século XVII que representa as três graças. E as três misteriosas irmãs, as três graças Aglaia, Euphrosyne e Thalia. Neste romance que cruza os caminhos do presente de uma burguesia culta da Foz do Douro com os de um passado clássico, as coincidências e os encontros de acaso podem ter consequências funestas – ou apenas altamente surpreendentes.
“Le bonheur n’est pas grand tant qu’il est incertain – a felicidade não é tão grande quanto o é incerta -” proferiu Sofonisba , enquanto figura trágica de Corneille, uma tirada que serve o tom geral desta cativante incursão ao universo ficcional, e de inesgotável erudição, de Vasco Graça Moura. E enquanto a matrona de Cartago escolhe o veneno à submissão aos soldados de Roma, Sofonisba filha de Andrúbal Parente apanha o comboio de mercadorias às 6 h 12 de uma pardacenta madrugada de Gaia.