Os Sonetos a Orfeu foram escritos como monumento funerário para Wera Ouckama Knoop (1900-1919), a quem, numa carta de 1923, Rilke se refere nestes termos: «a figura daquela Wera Knoop que morreu de dezassete ou dezoito anos, que eu conheci pouco e só vi duas ou três vezes na vida, pois ela era ainda uma criança… Essa bela criança, que começou, primeiro, por dançar e fazia sensação junto de todos quantos então a viam pela sua entrega, de corpo e alma, à arte inata do movimento e da transformação, – disse inesperadamente a sua mãe que já não podia, nem queria continuar a dançar…; (isso foi logo à saída da infância) o seu corpo alterou-se de modo estranho e, sem perder a sua bela configuração oriental, tornou-se estranhamente pesado e maciço… (o que era já o início da misteriosa doença das glândulas que tão depressa havia de trazer-lhe a morte)… No tempo que ainda lhe restava, Wera dedicou-se à música e, por fim, já só desenhava, – como se a dança proibida ainda dela emanasse cada vez mais leve e cada vez mais discretamente…»
Os Sonetos a Orfeu de Rainer Maria Rilke
Rainer Maria Rilke
trad. Vasco Graça Moura
Lisboa
Quetzal Editores
1994
trad. Vasco Graça Moura
Lisboa
Quetzal Editores
1994
Edições
Rainer Maria Rilke – Os Sonetos a Orfeu de Rainer Maria Rilke; trad. Vasco Graça Moura. Lisboa: Quetzal Editores, 1994. ISBN 9725642120