“É verdade que conheci o Arnold Davis. Já lá vai muito tempo, foi nos primeiros anos de 40, a guerra ainda estava para durar. Eu era ainda muito novo, estava a sair da adolescência, tinha acabado de entrar na faculdade, e em Lisboa vivia-se com alguma perturbação. A atmosfera conhece-a Você dos livros e dos filmes. Cenas de bas-fond e grandes jogadas sub-reptícias nos meios da alta secoeidade, intrigas e traições um pouco por toda a parte, espionagem e refugiados, política, diplomacia, negócios e negociatas, especulação, chantagens, violência, crime e intervenções da polícia em combinações variadas e também, claro, grandes interesses e dramas pessoais por entre essas luzes entrecortadas que hoje temos tendência a ver em termos mais ou menos romântico, mas que eram sobretudo mais ou menos sórdidos. O Arnold era vagamente escritor e vagamente jornalista, ou, pelo menos, apresentava-se como tal. Suponho que, na realidade, era um agente ingçês que procurava mover-se discretamente nas águas turvas da capital (…)”
A Morte de Ninguém
Vasco Graça Moura
Lisboa
Quetzal Editores
1998
Lisboa
Quetzal Editores
1998
Edições
Vasco Graça Moura – A Morte de Ninguém; Lisboa: Quetzal Editores, 1998. ISBN 9725643321
Vasco Graça Moura – A Morte de Ninguém; trad. Daniela Stegagno. Roma: Empirìa, 2000. ISBN 8885303951